Quando pisei pela primeira vez na Ilha de Paquetá, parecia que tinha saído de um romance antigo — desses que a gente lê devagar, saboreando cada página. O som dos passos no calçamento de pedras, o cheiro salgado que vinha da baía e o silêncio quebrado apenas pelo tilintar das bicicletas… ali o tempo desacelera de propósito. É um daqueles lugares que se recusam a ser engolidos pela pressa do mundo moderno.
Neste guia feito com o coração (e os pés no chão de quem já viveu isso), você vai encontrar tudo o que precisa saber para transformar sua visita à Ilha de Paquetá em uma experiência memorável — com histórias reais, dicas espertas e detalhes que guias frios simplesmente ignoram.
Chegar a Paquetá não é apenas um deslocamento, é uma travessia de alma. A embarcação parte da Praça XV, no centro antigo do Rio de Janeiro, onde a arquitetura colonial ainda sussurra histórias de impérios e revoluções. A travessia dura cerca de 70 minutos, mas confesso: é o tipo de trajeto que dá vontade de não acabar nunca.
Embarque: Estação das Barcas – Praça XV
Operadora: CCR Barcas
Duração: 1h10, mais ou menos
Tarifa: Cerca de R$ 7,70 (mas vale conferir no site oficial — os preços às vezes dançam)Horários: Frequentes, mesmo aos sábados, domingos e feriados.
Vá pela manhã e volte só depois do pôr do sol. A luz da tarde ali beira o surreal.
1. Explore de Charrete ou Bicicleta
Na minha primeira visita, aluguei uma bicicleta de cestinha e me senti num filme europeu dos anos 60. A ilha é orgulhosamente livre de carros, e isso muda completamente o ritmo da gente. Também há charretes conduzidas por moradores simpáticos que fazem da condução uma espécie de arte.
Melhor horário? Final da tarde. O céu se pinta em tons alaranjados, a brisa fica mais doce e a Baía de Guanabara vira espelho líquido para o sol que vai embora.
2. Praia da Moreninha
Cartão-postal da ilha, a Praia da Moreninha parece saída de um quadro impressionista. As casinhas com janelas azuis, o mar tranquilo e morno, o cenário que mistura natureza com afeto — tudo convida a um mergulho calmo e contemplativo. Em minha experiência, é impossível não tirar pelo menos umas vinte fotos (e nenhuma fica ruim).Sabia disso? O nome da praia homenageia o romance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, que inclusive usou Paquetá como cenário da obra.
3. Suba até a Pedra da Moreninha
A trilha é curtinha, mas o visual lá de cima compensa cada gota de suor. Dá pra ver boa parte da ilha e até a silhueta do Rio ao longe. Leve água, tênis confortável e, se possível, uma câmera com lente grande-angular. Você vai querer eternizar esse momento.
Um daqueles cantinhos que quase passam despercebidos, mas carregam um peso histórico enorme. O Museu de Arte Sacra abriga relíquias religiosas que atravessaram os séculos, desde vestes litúrgicas bordadas a ouro até manuscritos com letras miúdas e cheiro de tempo.
Esse foi, sem exagero, um dos lugares mais encantadores que visitei em Paquetá. O parque tem mirantes que parecem ter sido esculpidos para fotos de casamento, árvores centenárias que dançam com o vento e cantinhos perfeitos pra um piquenique despretensioso com a família. Quando fomos, levamos frutas, pão caseiro e suco — foi o almoço mais gostoso do ano.
Erguida em 1763, a igreja é uma joia de fé e arquitetura colonial. O curioso é que, mesmo quem não é religioso, sente uma paz absurda lá dentro. A vista do alto do morro onde ela repousa também é de arrepiar.
Não vá esperando sofisticação, vá com fome de comida feita com carinho.
Zeca’s Restaurante: Peixe na brasa que derrete na boca. Atendimento tão acolhedor que parece que você é parente da dona.
Flor da Ilha: Para quem quer comer bem e leve. Tem pratos veganos surpreendentemente saborosos.
Café Parisiense: Tomar um café com bolo de cenoura com vista pro mar foi uma das minhas maiores alegrias naquela viagem.
Minha dica de ouro: Leve um trocadinho em espécie. Algumas lojinhas e barracas ainda vivem no mundo sem maquininha.
Nada de carro! O único motor que roda por ali é o do barco.
Dinheiro físico é rei.
Protetor solar, óculos escuros e boné são obrigatórios.
Respeite a ilha. Ela é uma Área de Preservação Ambiental, e merece nosso carinho.
Spoiler: Não tem época ruim.
Mas se quiser escolher com sabedoria, aqui vai meu resumo:
Estação | Clima | Ideal para… |
Verão | Calor intenso | Mergulhos, praia, pôr do sol surreal |
Outono | Ameno | Caminhadas e cliques fotográficos |
Inverno | Fresquinho | Menos gente, mais silêncio |
Primavera | Flores em explosão | Passeios românticos e tranquilidade |
Dom João VI tinha Paquetá como refúgio pessoal.
“A Moreninha” foi ambientada ali, e dá pra visitar alguns dos locais mencionados no livro.
O Baobá da ilha, plantado há mais de um século, é quase um monumento vivo. Em minha viagem, tirei uma foto abraçado a ele — juro que senti algo mágico naquela casca rugosa.
Chegue cedo: Aproveite a barca vazia e o sol nascendo no horizonte.
Pegue uma bicicleta: Sinta a liberdade nos pedais.
Curta a Praia da Moreninha: E mergulhe sem pressa.
Suba a Pedra da Moreninha: Respire fundo lá de cima.
Almoce com calma no Zeca’s.
Passeie pelo Parque Darke de Mattos: Faça isso sem olhar o relógio.
Assista ao pôr do sol: É poesia líquida.
Pegue a barca de volta: Com o coração leve e a mente plena.
Dormir em Paquetá? Sim, Mil Vezes Sim
Se puder, fique. A noite na ilha tem um silêncio que cura.
Pousada Casa Flor: Clima colonial, aconchegante.
Pousada Zumbi dos Palmares: Simples, perto da Moreninha.
Hostel Paquetá: Econômico e acolhedor para mochileiros e viajantes solo.
Porque é um lugar que não tenta impressionar. Ele apenas existe, do seu jeito quieto e encantador. Porque ali você não precisa correr. Porque a beleza não está só nas paisagens, mas nas conversas com os moradores, no som das folhas dançando com o vento e no sabor do peixe fresco com arroz soltinho.
Se você, como eu, anda cansado do barulho do mundo, dê a si mesmo esse presente. Vá a Paquetá. E depois me conta — porque, olha, eu fui… e voltei diferente.
Agora é com você: Já conhece Paquetá? Vai visitar? Conta pra mim!
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