A convivência entre cães é fascinante e, às vezes, misteriosa. Um cachorro pode amar um novo amigo canino e, no instante seguinte, mostrar antipatia por outro. Mas por quê? Neste artigo, exploramos as raízes comportamentais e emocionais dessa seletividade canina — com base em evidências, exemplos reais e até minha própria experiência com o meu cão, Thor.
Assim como nós, os cães fazem julgamentos rápidos. Em minha experiência, Thor sempre se dava bem com cães calmos, mas evitava os muito agitados. Isso me fez observar melhor como os cães se comunicam.
O corpo fala — e no caso dos cães, ele grita. Um cão com postura rígida, orelhas empinadas e cauda ereta pode estar dizendo: “não chegue perto”. Por outro lado, se ele balança a cauda suavemente e se aproxima com o corpo relaxado, geralmente está aberto à interação.
Os cães vivem num mundo de cheiros. Feromônios, glândulas anais, suor… tudo isso diz muito sobre o estado emocional e saúde do outro cão. Quando Thor conheceu uma fêmea que havia acabado de ser castrada, ele reagiu com estranheza — provavelmente porque os odores hormonais não batiam com o que ele esperava.
Assim como nós evitamos situações que nos causaram dor, os cães também o fazem. Um cão que sofreu ataque por outro de pelagem preta, por exemplo, pode desenvolver uma aversão específica. Conheci uma tutora que relatou que sua cadela detestava cães brancos desde filhote. Depois ela lembrou que, quando filhote, a cadela foi intimidada por um Poodle branco.
Certas raças tendem a ser mais sociáveis, como o Golden Retriever, enquanto outras são mais territoriais, como o Pastor Alemão. Mas isso não é regra absoluta. Em minha cidade, vi um Rottweiler super dócil com outros cães, porque desde filhote ele foi bem socializado.
Os primeiros meses são cruciais. Um cão que interagiu com muitos tipos de cães, pessoas e ambientes entre 3 e 14 semanas terá menos medo e mais curiosidade. Em minhas viagens, vi ONGs que promovem feiras de socialização — e o impacto é nítido nos cães adultos.
Quando dois cães dominantes se encontram, é como se dissessem: “quem manda aqui?”. Eles testam limites e podem se estranhar até que um ceda. Já vi isso com Thor e um Bulldog francês — depois de algumas semanas, viraram melhores amigos.
Um cão com dor pode ficar impaciente, agressivo ou introspectivo. Meu vizinho não entendia por que sua cadela, sempre sociável, havia se tornado arisca. Descobriu-se que ela tinha problemas na coluna. Após o tratamento, voltou ao normal.
O local onde os cães se conhecem é tão importante quanto o temperamento deles. Lugares apertados, com muito barulho ou cheios de cheiros desconhecidos podem deixar um cão na defensiva.
Evite apresentar dois cães dentro da casa de um deles. Parques abertos são ideais. Quando apresentamos Thor ao cão do meu cunhado, fizemos isso em uma praça da nossa cidade. Caminhamos juntos e só depois permitimos que interagissem. Foi um sucesso!
Se você estiver tenso, seu cão sentirá. Já cometi esse erro. Uma vez, puxei demais a guia porque estava nervoso, e Thor interpretou isso como sinal de alerta, rosnando para o outro cão. Aprendi que minha calma é essencial.
1. Planeja o Encontro?
Sim: Seguir para a próxima decisão.
2. Ambiente Neutro?
Sim: Realizar Caminhada conjunta com guia.
Não: Evitar local.
3. Durante a caminhada, observe a linguagem corporal:
Relaxado: Permitir interação entre os cães.
Tenso: Separar os cães e tentar outro dia.
Se seu cão rosna, avança ou tenta morder frequentemente, pode haver uma questão de socialização ou até um problema médico. Um check-up e a orientação de um comportamentalista são fundamentais.
Alguns cães tremem ou se escondem ao ver outro cão. Isso é sinal de medo, não de raiva. Exposições graduais e positivas podem mudar esse comportamento. Mas, às vezes, o ideal é buscar ajuda profissional.
Thor, um Border Collie de quatro anos, sempre latia quando via o Labrador preto do vizinho. Após investigação, descobriu-se que ele havia sido atacado por um cão semelhante. Com o tempo e a ajuda de um adestrador, Thor aprendeu a tolerar o outro cão.
Lola, uma Golden super dócil, fugia de cães pequenos. Eles eram rápidos, barulhentos e imprevisíveis — o que a deixava ansiosa. Com treinos em ambiente controlado e reforço positivo, ela hoje até brinca com Chihuahuas. 🙂
Cães são seres sensíveis, com memórias, medos e preferências. A antipatia por outros cães não é um defeito, mas um reflexo do que viveram, sentem e interpretam. Em minha jornada com Thor, aprendi a ler seus sinais, respeitar seu tempo e guiar suas relações com amor e paciência.
Com informação, empatia e prática, podemos transformar cada encontro canino numa experiência segura e positiva — para nossos amigos de quatro patas e também pra nós, suas famílias humanas.
Se você está enfrentando dificuldades nas interações do seu cão com outros cães, procure o auxílio de um especialista em comportamento canino ou um veterinário comportamentalista. A saúde emocional do seu amigo de quatro patas merece atenção e cuidado.
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